Durante entrevista com a imprensa, o prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini, abordou diversos temas importantes para a capital, entre eles o futuro da Santa Casa, o cronograma de obras em bairros afetados pela chuva, a polêmica sobre o calendário escolar.
Segundo o prefeito, sua visita à Assembleia Legislativa tem como objetivo dialogar com os deputados que destinaram emendas à capital e tratar sobre a aplicação desses recursos. Um dos focos é o futuro da Santa Casa de Misericórdia, cuja gestão, segundo ele, será deixada pelo Governo do Estado nos próximos três meses, com transferência dos atendimentos ao Hospital Central.
“Não podemos deixar aquele espaço desocupado. Os equipamentos estão lá, e o governo havia se comprometido em cedê-los. Vamos tentar garantir isso e conversar com os deputados pra entrarem nessa luta conosco”, afirmou Abílio.
Ele não descartou a possibilidade de transferir o Hospital São Benedito para o prédio da Santa Casa, caso as condições estruturais sejam adequadas. “É uma possibilidade, mas precisa de uma análise mais detalhada”, explicou. O prefeito também comentou a proposta do presidente da Assembleia, deputado Max Russi, de transformar o local em um hospital infantil. Abílio ressaltou que Cuiabá já está finalizando um Centro Médico Infantil maior, na região do antigo Pronto-Socorro, mas que o espaço da Santa Casa pode ser aproveitado para outras finalidades, como cirurgias eletivas.
O prefeito demonstrou irritação com a decisão da própria Secretaria Municipal de Educação, que manteve o dia 17 de abril como emenda ao feriado da Sexta-feira Santa (18). Segundo ele, o calendário escolar de 2025 foi definido no ano passado, sem considerar o dia 17 como ponto facultativo.
“Não faz o menor sentido emendar uma quinta-feira com a sexta. Ainda mais depois de termos perdido uma semana de aula no início do ano letivo. A própria Secretaria deveria ter corrigido isso”, criticou.
Ele explicou que algumas escolas optaram por manter o recesso na quinta-feira, o que gerará necessidade de reposição de aulas aos sábados. Abílio prometeu revisar o calendário e evitar novas falhas ainda neste ano. “Educação se faz na escola, e precisamos garantir isso”, reforçou.
Questionado sobre a situação de bairros como Jardim Paraisópolis, Silvanópolis, União e Três Poderes, onde ruas não asfaltadas e buracos têm gerado riscos, Abílio admitiu que a demanda por infraestrutura é alta e que as empresas atualmente contratadas não conseguem atender toda a cidade.
“Temos todas as equipes nas ruas, mas elas não dão conta. Precisamos fazer novas licitações para contratar mais empresas. Isso leva tempo, mas é necessário”, explicou. Ele citou casos graves, como o de uma mãe que capotou uma cadeira de rodas com o filho devido à má conservação da via.
Abílio também comentou a situação de escolas com infraestrutura precária, como a do bairro Jardim Vitória, onde há risco de desabamento de teto. Segundo ele, o volume de chuvas agravou os problemas existentes, mas as equipes estão trabalhando para resolver.
“Estamos tentando resolver tudo. Telhado, parte elétrica e ar-condicionado são as maiores demandas. Não está fácil, mas estamos enfrentando”, afirmou.
Ao longo da entrevista, o prefeito reforçou que sua gestão continuará cobrando melhorias em todas as áreas, com foco especial em saúde, educação e infraestrutura, apesar dos desafios enfrentados desde o início do mandato.
Nos primeiros 100 dias de gestão, o prefeito Abílio Brunini tem adotado uma postura firme, marcada por decisões polêmicas, enfrentamento direto de problemas herdados e cobranças públicas por mais eficiência da máquina municipal. À frente da Prefeitura de Cuiabá, Abílio tem se destacado pela linguagem direta e pela exposição de falhas internas, como no caso do calendário escolar e da falta de manutenção em escolas e vias públicas. Mesmo com a estrutura limitada e contratos herdados, ele tenta imprimir um ritmo de trabalho acelerado e de forte presença nas ruas, principalmente em áreas mais afetadas pelas chuvas e pela falta de infraestrutura.
Na saúde, Abílio já sinalizou mudanças importantes, como a possível reutilização do prédio da Santa Casa e o diálogo aberto com a Assembleia Legislativa para garantir o reaproveitamento de equipamentos públicos. Na educação, apesar de enfrentar atrasos no início do ano letivo, prometeu revisar o planejamento escolar e garantir que as aulas ocorram com regularidade. Já na área de obras, o prefeito reconhece que a estrutura atual não é suficiente e anunciou que novas licitações serão feitas para ampliar o número de frentes de trabalho. Mesmo diante das limitações, o discurso do prefeito é de transparência, cobrança por resultados e tentativa de romper com práticas antigas da gestão pública cuiabana.
