O conceito de cidades inteligentes, antes considerado distante de Mato Grosso, começa a se materializar com a verticalização imobiliária de municípios com economia baseada no agronegócio. Torres de edifícios residenciais e projetos comerciais com mais de 20 andares estão redesenhando a paisagem urbana e reconfigurando a infraestrutura de cidades ao longo da BR-163, no norte mato-grossense.
Hermes Tomedi, diretor-geral da Haacke Empreendimentos, construtora catarinense especializada em verticalização, explica que esse movimento é uma tendência de mercado irreversível nas “agrocidades”.
“Existe ainda uma predominância de condomínios horizontais, mas, conforme a urbanização se intensifica, naturalmente ocorre uma concentração de serviços e atividades em algumas regiões. A chegada de grandes empreendimentos torna mais visível o fenômeno”, afirma.
Com presença consolidada no mercado mato-grossense há cinco anos, a Haacke toca cinco empreendimentos verticais de alto padrão em Sinop, Sorriso e Primavera do Leste – cidades que, juntas, concentram cerca de 430 mil habitantes. O vice-presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis de Mato Grosso (Secovi-MT), Guido Grando Júnior, confirma a tendência. Ele argumenta que enquanto empreendimentos horizontais exigem deslocamentos mais longos, quase que necessariamente com uso de veículos, os verticais facilitam o deslocamento e valorizam os endereços.
“Somente em um projeto vertical você pode sair a pé e estar dentro de um shopping, por exemplo. Ter essas opções por perto valoriza o imóvel”, cita Guido. Outro fator destacado por ele é o planejamento urbano mais estruturado. “Há projetos urbanísticos bem definidos, inclusive com incentivo à verticalização pelo poder público, o que auxilia no bom andamento urbanístico”, pondera o presidente do Secovi-MT.
Um efeito benéfico da verticalização é a redução de custos de manutenção de serviços públicos, como saneamento, energia e segurança. “As cidades inteligentes vão se verticalizando e concentrando atividades no entorno desses empreendimentos, como centro comercial e serviços públicos. Isso pode facilitar a gestão pela prefeitura”, observa Hermes Tomedi.
Além disso, uma nova dinâmica urbana começa a surgir. “A nossa relação com a cidade muda. Os moradores podem resolver suas tarefas cotidianas até mesmo a pé. Você passeia pela cidade, trabalha, estuda e se diverte, como é o caso de Balneário Camboriú”, exemplifica o diretor-geral da Haacke, que nasceu e mantém tem a maior parte de seu portifólio na mais famosa cidade litorânea de Santa Catarina.
Com essa nova dinâmica, aumenta o uso de modais alternativos – como carros elétricos e bicicletas – a interação social se fortalece, melhorando a qualidade de vida e tornando a cidade mais sustentável. Outro ativo importante gerado pela verticalização é a segurança, já que prédios possuem controle de acesso mais eficiente, e a maior concentração urbana reduz o tempo de resposta das forças policiais.
Somente a Haacke Empreendimentos tem cinco empreendimentos verticais em curso hoje em Mato Grosso. Um deles é o complexo comercial World Trade Center, em Sinop, com uma torre comercial de 28 andares, um centro médico, torres residenciais e outros prédios corporativos. Na mesma cidade, o Cataluña Residence tem 21 andares, e o Splendido, 25 pavimentos.
Em Sorriso, o Gran Reserva Residence erguerá duas torres de 26 andares na cidade. Já o Spring Valley consiste em duas torres de 17 andares em Primavera do Leste.