Em meio aos avanços na área da saúde em Mato Grosso, o governador Mauro Mendes concedeu entrevista exclusiva ao Centro-Oeste Popular para detalhar os próximos passos da ativação do novo Hospital Central, uma das obras mais aguardadas pela população mato-grossense. Com 98% da estrutura já concluída e investimento superior a R$ 35 milhões, a unidade será administrada pelo Hospital Israelita Albert Einstein, referência nacional e internacional em excelência médica.
Durante a conversa, Mendes esclareceu pontos cruciais sobre o modelo de gestão, a contratação de profissionais, o cronograma de funcionamento do hospital e o papel do Estado em outras questões de saúde pública, como o recente colapso de unidades em Cuiabá após as fortes chuvas. Além disso, o governador comentou temas de grande repercussão política e nacional, como sua relação com o ex-presidente Jair Bolsonaro, possíveis alianças para as eleições de 2026, e as discussões sobre a anistia dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
Centro-Oeste Popular – Como funcionará a ativação do hospital? A partir de quando os atendimentos estarão disponíveis para a sociedade?
Mauro Mendes – A previsão é iniciar os procedimentos hospitalares, clínicos e cirúrgicos a partir de setembro deste ano. Os atendimentos serão ativados gradualmente nos meses de setembro, outubro, novembro e dezembro. A expectativa é que, em dezembro, o hospital já esteja operando com 100% da capacidade.
Centro-Oeste Popular – E em relação à contratação de novos profissionais? Como vai funcionar? Haverá prioridade para quem é do estado?
Mauro Mendes – A contratação será feita 100% pelo sistema do Albert Einstein. O que teremos é um cadastro de reserva, e não um cadastro de vagas.
Centro-Oeste Popular – O contrato está previsto para ser assinado no dia 22 de abril. Como foi realizado o processo de licitação? Houve algum acordo para desburocratizar e agilizar o trâmite? E por quantos anos será firmada essa parceria?
Mauro Mendes – O contrato segue rigorosamente o que está previsto na legislação brasileira. Ele será firmado com uma Organização da Sociedade Civil, conforme estabelece a lei federal. Trata-se de um contrato atemporal, ou seja, sem prazo fixo de duração, podendo ser rescindido por qualquer uma das partes, desde que atendidos os critérios legais. Não faz sentido estabelecer um prazo determinado, pois tudo o que envolve essa operação é voltado a uma atuação de longo prazo, de anos ou até décadas.
Centro-Oeste Popular – O Albert Einstein já atuou na consultoria para a equipagem do hospital. Há quanto tempo estão negociando para que eles assumam a gestão?
Mauro Mendes – Eles já prestam serviços há três anos, com foco na engenharia clínica e na especificação dos equipamentos do hospital. Todos sabem que o Albert Einstein é o melhor hospital do Brasil, da América Latina e ocupa a 22ª posição no ranking mundial. Para operar a melhor estrutura física e tecnológica do estado, buscamos quem tem a melhor expertise. Aqui em Mato Grosso, o Albert Einstein irá atender gratuitamente a população usuária do SUS.
Centro-Oeste Popular – Nos últimos dias, a capital foi atingida por fortes chuvas, que causaram o desmoronamento da UPA do Leblon e diversos alagamentos. O prefeito Abílio sugeriu a demolição do antigo pronto-socorro para construção de uma nova unidade. O governo estadual pode formar uma parceria com a prefeitura para lidar com esse problema e ajudar nas unidades de saúde?
Mauro Mendes – O prefeito tem autonomia para propor ideias e diretrizes de gestão, e cabe a ele implementá-las. O governo do estado está sempre aberto ao diálogo com todos os prefeitos, mas também temos nossas responsabilidades objetivas e prioridades que precisamos cumprir.
Centro-Oeste Popular – Recentemente viralizou um vídeo em que o senhor levanta a mão em um ato político com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Qual é o significado desse gesto?
Mauro Mendes – É o mesmo gesto feito por pessoas quando prestam juramentos. Vão dizer que elas estão fazendo um gesto nazista? Isso beira a hipocrisia e a má-fé.
Centro-Oeste Popular – Em entrevista recente, o ministro do Turismo, que também integra o União Brasil, afirmou que a maioria do partido pretende apoiar uma candidatura de Lula em 2026. Caso isso ocorra, qual será sua posição dentro do partido?
Mauro Mendes – Essa é uma opinião pessoal dele. Não posso comentar a opinião de todos dentro e fora do meu partido. Essa decisão será tomada somente em 2026. Até lá, o foco é trabalhar — e isso é o mais importante.
Centro-Oeste Popular – O ministro Gilmar Mendes, representando o STF, deixou em aberto a possibilidade de redução das penas dos condenados pelos atos do dia 8 de janeiro. O senhor acredita que essa medida pode enfraquecer a bandeira da anistia ou continuará defendendo essa causa, mesmo com a redução?
Mauro Mendes – Sempre deixei clara a minha posição. Quem participou da invasão ao Congresso e praticou vandalismo no dia 8 de janeiro deve ser penalizado conforme a lei. Nunca concordei com invasão de propriedade pública ou privada. O que sempre questionei foi o tamanho das penas. Não é razoável alguém ser condenado a 17 anos por isso. Comparei várias vezes com outros crimes muito mais graves que recebem penas menores. Se o STF está avaliando a possibilidade de redução das penas, talvez a pauta da anistia nem precise mais ser discutida.
Centro-Oeste Popular – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a aplicação de diversas tarifas para exportações e importações. Essas ações impactam o Mato Grosso de alguma forma?
Mauro Mendes – É claro que afetam o mundo todo. O Estado de Mato Grosso será impactado, sim. Tarifas e impostos altos aumentam o custo de vida. Nós, brasileiros, também seremos atingidos por esse tarifaço, que cria uma desordem na economia mundial. Se essa escalada continuar, pode haver uma recessão global e um forte desaquecimento da economia.
