28 de Abril de 2025

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Chuvas intensas em Mato Grosso causam alagamentos e reacendem alerta sobre barragem da Usina de Manso

Mesmo com o reservatório operando dentro dos níveis de segurança, 40 cidades do estado estão sob risco de inundações; especialistas reforçam necessidade de vigilância constante sobre a barragem.

Ana Carolina | Redação

As fortes chuvas que atingem o estado de Mato Grosso têm causado alagamentos em diversas cidades, resultando em significativos prejuízos financeiros para famílias que acabam perdendo móveis, casas e outros bens. Nesse cenário, a barragem da Usina Hidrelétrica do Manso, localizada em Chapada dos Guimarães, na região metropolitana de Cuiabá, foi vistoriada pela Defesa Civil. Durante a análise técnica, foi constatado que o nível do reservatório encontra-se dentro da normalidade, com altura de 282 metros em relação ao nível do mar, o que é considerado seguro.

A capacidade máxima operacional da usina é de 287 metros, segundo a Polícia Civil. Atualmente, a usina opera com 25% de sua capacidade, com apenas uma das quatro turbinas em funcionamento. A vistoria realizada pela equipe técnica confirmou que não há risco de transbordamento ou rompimento da barragem, não representando perigo para a população da região.

Apesar das recentes chuvas, o reservatório apresenta uma situação mais estável do que no ano anterior, quando, durante o período de estiagem, a usina operava com apenas 19% de sua capacidade total. A potência máxima da Usina de Manso é de 210 megawatts, mas a produção média atual é de 40 megawatts. Informações divulgadas pela Furnas Centrais Elétricas indicam que o nível do reservatório está em 279,46 metros, o que corresponde a 14,63% do volume total.

A Usina de Manso foi construída em parceria com a iniciativa privada e está situada no Rio Manso, principal afluente do Rio Cuiabá. Com potência instalada de 210 MW, a usina foi projetada com foco no conceito de usos múltiplos do reservatório e da água. Entre os benefícios dessa abordagem está a regularização dos ciclos de cheias e secas do Rio Cuiabá, o que contribui para a redução dos danos socioeconômicos causados por eventos extremos.

Não é possível afirmar com certeza se a barragem da Usina de Manso transbordará em decorrência das chuvas intensas previstas para 2025. Contudo, há preocupação quanto ao impacto das precipitações no nível do Rio Cuiabá, uma vez que o controle da vazão promovido pela barragem não influencia diretamente as chuvas nas regiões de Nobres e Rosário Oeste, que também fazem parte da bacia do Rio Cuiabá e sofrem com inundações frequentes.

Em 22 de abril de 2025, o nível da represa de Manso atingiu 96,96% do volume útil, com a água marcando 286,75 metros em relação ao nível médio do mar. No dia 20 de abril, a usina gerou 3.079,20 MWh. Ainda assim, especialistas ressaltam que, embora a barragem contribua para a gestão das cheias, ela não impede que chuvas intensas causem inundações em cidades localizadas ao longo da bacia hidrográfica do Rio Cuiabá. Um exemplo histórico foi registrado em 1974, quando a cidade sofreu com uma grande enchente.

A operação da barragem permite ajustes na vazão das águas do Rio Cuiabá e do Rio Coxipó, mas essa ação é independente das chuvas que ocorrem diretamente na região. Um levantamento técnico elaborado pela Casa Civil do governo federal em 2023 apontou que 1.900 cidades brasileiras podem ser afetadas por inundações em caso de precipitações pluviométricas de grande volume. No estado de Mato Grosso, 40 municípios integram a lista de locais com risco potencial de alagamentos, com base em dados sobre ocorrências históricas de desastres naturais, número de desalojados, áreas de risco e quantidade de dias chuvosos.

Em relação à capital mato-grossense, o geólogo Sinvaldo Gomes, presidente do Sindicato dos Geólogos de Mato Grosso (Singemat/MT), destacou que, além das chuvas, o rompimento da barragem de Manso também representa um risco, ainda que considerado remoto. O alerta foi feito inicialmente por ele na Câmara de Cuiabá, logo após o desastre de Brumadinho, em Minas Gerais. Na ocasião, enquanto conselheiro do CREA-MT, ressaltou os impactos letais e destrutivos que acidentes em barragens podem causar, tanto no Brasil quanto no exterior.

Desde então, o geólogo vem reiterando a necessidade de vigilância constante, mesmo com o monitoramento rigoroso realizado diariamente por engenheiros capacitados que atuam na Usina de Manso. Ele afirma que todas as medidas preventivas estão sendo tomadas, o que reforça a segurança da estrutura. No entanto, lembra que, apesar do trabalho técnico eficiente, a possibilidade de acidentes nunca pode ser totalmente descartada — o que reforça a importância de manter protocolos de segurança e fiscalização constantes.

O relatório da Casa Civil, por sua vez, é direcionado ao período chuvoso e não trata diretamente das barragens. O documento sugere a implementação de empreendimentos voltados à prevenção de desastres naturais, dada a quantidade significativa de municípios vulneráveis às chuvas intensas.

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